A Banalização da Estética

A cada dia tem me assustado mais a banalização de tratamentos estéticos levando a complicações muitas vezes graves e definitivas, até mesmo ao risco de morte!

São muitos aspectos que passam despercebidos por quem não conhece os bastidores desses tratamentos e torna-se presa fácil de falsas promessas e profissionais não habilitados.

A internet democratizou o conhecimento, mas também é um espaço sem filtros para qualquer tipo de informação e propaganda, sem compromisso com a verdade ou a ética.

Tratamentos estéticos

Quando optar por um tratamento estético, saiba que todo o procedimento tem um certo grau de risco, por mais simples que pareça.

Tratamentos em que há rompimento da pele com sangramento ou perfuração devem seguir todo o rigor de um procedimento cirúrgico para diminuir o risco de infecção. Um caso típico é o do chamado microagulhamento, procedimento “ensinado” em tutoriais no youtube!

Os dispositivos usados, que deveriam ser estéreis e descartáveis, com o devido registro na ANVISA, são muitas vezes de procedência duvidosa e reutilizados por várias vezes! Em um vídeo a “tutora” faz o procedimento sem a remoção completa de um gel anestésico, que, através das perfurações, tem sua penetração muito aumentada, podendo causar até parada cardíaca, dependendo da quantidade e sensibilidade da pessoa.

Isso sem contar que vários fatores, como limpeza inadequada, presença de lesões contaminadas, como espinhas, ambiente inadequado, dispositivos reutilizáveis são condições ideais para infecções de pele.

Um procedimento estético não é um produto, e sim, um tratamento

Atendi pacientes com celulite (infecção da pele e da gordura logo abaixo) e abscesso (coleção de pus) após tratamento inadequado… Isso tudo para um resultado pobre, pois o objetivo, que é o estímulo de colágeno para tratamento de envelhecimento e cicatrizes, é proporcional à intensidade do tratamento, que só será eficaz com preparo analgésico e anestésico adequado, para que o paciente possa suportar a realização do mesmo.

Procedimentos estéticos tais como peelings, aplicações de toxina botulínica, preenchimentos, laser, têm sido “vendidos” como um produto em si, e não como parte de um tratamento de cuidado com a pele, baseado no diagnóstico adequado e associado a um contexto.

A promessa de resultados, muitas vezes pouco prováveis, e a realização por pessoas não habilitadas leva a frustrações, o que gera insatisfações e desacredita tratamentos muito úteis quando bem realizados.

Diagnósticos e Procedimentos

Os procedimentos mais arriscados devem ser feitos por médicos especializados (pesquise no site da Sociedade Brasileira de Dermatologia), capazes de diagnosticar adequadamente seu problema, indicar o melhor tratamento e acompanhá-lo após a realização do mesmo.

Tais procedimentos incluem: injeção de toxina botulínica, injeção de ácidos hialurônicos e ácido polilático, colocação de fios de sustentação, peelings químicos (especialmente médios e profundos), laser e luz intensa pulsada, microagulhamento (agulhas de 0,5mm ou mais).

O fato de ser um especialista em pele é muito importante, pois uma mancha escura na pele pode ser um problema apenas estético ou até um câncer de pele, que pode piorar com uso de laser ou uma esfoliação, como já presenciei antes.

Os tratamentos têm que ser realizados em clínicas médicas devidamente equipadas e autorizadas pela Vigilância Sanitária para a sua realização. Os equipamentos e produtos utilizados precisam ser confiáveis e seus custos são elevados, por isso, desconfie de procedimentos muito baratos…

Informe-se! Não arrisque sua pele!

 

Texto by Silvia Santilli